domingo, 18 de maio de 2008

É o estiloooo

(...)Estou na moda.
É duro entrar na moda, ainda que
a moda
(...)Seja negar minha identidade
Com que inocência demito-me de
ser(...)
(...) Eu que antes era e em sabia
Tão diverso de outros, tão de mim
mesmo
Ser pensante sentinte e
solitário(...)
(...)Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiocrassias tão
pessoais(...)

(Eu, etiqueta de Carlos Drummond de Andrade)






Ter personalidade...Algo que todos acham que têm, mas na verdade é tudo uma questão de saber impor sua opinião diante das demais. Ser dono de si mesmo é essencial para não ser usado como estante, que exibe apenas o que “os outros” preferem.
Ser estiloso não significa usar uma sandália que mais seiscentas pessoas têm e trezentas passam por você com ela. E sim ser capaz de aceitar suas próprias vertentes, já que personalidade de forma alguma pode ser comprada.
Não é proibido usar o que lançado na TV...mas é preciso enfatizar que é essencial ter algo de diferente. Algo que não soe como se você fosse uma vitrine de loja, algo que lhe torne destaque
dentre os que optam por serem confundidos com pingos de água na chuva. E como bem sabemos, devemos ter cuidado com a mídia, pois ela age sobre a mente das pessoas da forma mais vil, porém inteligente, usando sua arma mais poderosa: as mensagens subliminares — que como ímãns nos seduzem a fazer o que lhe melhor satisfaz e beneficia.
Atualmente ser estiloso, de acordo com a sociedade alienada pela ilusão do consumismo, é algo que somente os que têm acesso aos “lindos padrõesinhos de lançou eu compro” podem se considerar possuidores. Mas na verdade essa é uma fuga das suas particularidades disfarçada de capricho
Optar por sua verdadeira identidade é uma forma de conseguir ter liberdade, pois a partir do momento em que seguimos as ideologias e opiniões dos outros, sofremos um processo de aprisionamento e escravidão que nos torna incapazes de pensar e agir por conta própria.
Fazer essa escolha é ótimo, mas ouvir conselhos também é importante, pois conselhos sensatos são a base de limites que precisamos para seguir pelo caminho certo nas horas de indecisão e principalmente conseguirmos ver os vários aspectos das coisas, afinal uma só versão é muito pouco para se construir um conceito definitivo e convincente.
Seguir os outros lhe transforma em um ser retardatário ao ponto de lhe tornar um ser incapaz de tomar as próprias decisões e ter suas próprias razões. Ser “maria vai com as outras” é arriscar-se a ser considerado desprovido de inteligência e criatividade(que é o que nos faz seres semelhantes, apenas semelhantes) — o que de certa forma não deixa de ser somente uma suposição, como acaba sendo a realidade.
Não se pode esquecer, que a personalidade é o ponto de partida para se
crescer como ser humano, mas o caráter é fundamental para que isso se concretize e se torne inabalável aos estereótipos que põem em risco os nossos conceitos de estilo, beleza e maneira de ser.
Personalidade é algo tão minucioso e introspecto que passa a determinar quem somos e do que somos capazes...então não se esqueça: ter uma personalidade peculiar, é ser legal e transforma-lhe em um ser admirado pela sua postura distinta.





Um comentário:

Unknown disse...

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.